O fenômeno da medicalização, em especial no campo escolar, tem sido alvo de muitas pesquisas e críticas ao longo das últimas duas ou três décadas, embora seja um processo que já ocorre desde o estabelecimento da medicina no campo da ciência moderna, como Foucault nos auxiliou a compreender. Porém, nestas últimas duas ou três décadas, temos testemunhado um fortalecimento do discurso biomédico, cada vez mais neuromédico, aliado um exponencial crescimento de diagnósticos de supostos transtornos, que comprometeriam o processo de escolarização do estudante, afirmando, ao mesmo tempo, uma explicação individualizada de um fenômeno eminentemente coletivo e a despolitização do processo ensino-aprendizagem. Efeito deste processo, muito mais que o aumento assustador da prescrição e consumo de medicamentos, que aparecem como panaceia da problemática, é a dessubjetivação, que toma o estudante como objeto de intervenção, seja pedagógica, biomédica, psicológica, ou outra. Assim, o presente minicurso vida oferecer espaço de debate sobre o tema, a fim de proporcionar um olhar crítico acerca do fenômeno da medicalização.